domingo, outubro 11, 2009

Não me esqueça

Amor, não comigo,
e querido amor, desejava ser não-livre.
Não fingindo, te conheço.
Você é só meu.
Mão, espaço e pescoço.

Eu lugar, você sonho. Somos ninguém.
Tudo o que eu quero é apenas você.
Refrão do tempo, refrão do sonho.
Esta noite acaba sem motivos
a luz apenas atrasa, mas chega.
Qualquer nós, qualquer caminho, qualquer lugar,
o amor é apenas o seu nome.
Não posso mais sonhar.
Olhe para trás e venha comigo correr agora.
Coração elevado, guarda baixa
para te parar, não há mais ninguém.

Escreva refrãos e, singelamente, apenas me cante.

(Adriano Gentil)

Capítulos diários

A semelhança final
livro e vida, livro da vida.
Capítulos invariáveis.
Minha vida à venda.
Sua vida interessada na compra,
e ao fim da amanhã, menos um capítulo.
Longa etapa e entediante escrita
linhas importantes sem desenvolvimento
nada de espetacular, e a ligação sem vir.
Homens básicos em reflexões retóricas,
de um ambulante sem importância,
enriquecem, continuamente, vácuo perenes

Estou mais rico, sou mais uma amanhã.

O vermelho fruto permanece sem marcas de dentes
Mas completamente arranhados por dentro

Bom... Mau... Importantes capítulos
que ainda dormitam na tinta da minha caneta.

(Adriano Gentil)

Instruções

Coloquei meus objetos restantes no chão da sala.

Não consultei mais os códigos
e muito menos meus apontamentos.

Segui proibindo, expressamente, a minha permanência
no término de hipóteses
e de tal modo armei a máquina fotográfica
a procura das respostas.
Fumei o tempo e advoguei urgências [dis]cursivas.

Percorri, absolutamente calado, entrada e saída
sabendo sofrer questões objetivas,
e atentamente
marcando apenas uma alternativa.

Anulei contrários, e deixei incompletas
questões defeituosas
inclusive optei pela retirada do teu término.

Reproduzi parcialmente presentes esquecidos,
e principalmente dias úteis de caráter adicionais.

Interpus recursos,
somente fundamentados,
nos diversos sentimentos do meu coração.

Entreguei a minha prova.
Sai na hora, sem olhar pra traz.

(Adriano Gentil)

Espinho da vida

Lágrima perfumada em tardes quentes
quando invadem minhas narinas
são sempre mais espinhosas.

Dilato meu tempo. Comprimo caminhos.
Cansado, ganho excessos de gris
e esqueço-me tudo, num grito embaraçado.
Decomponho contas em dores prestadas.
Em dores negras. Em dores agrestes.

(Adriano Gentil)

Colisão

A mórbida sutileza de passos noturnos,
deixam meus suspiros mais doentios
e permitem surgir petulantes, em estrondos,
como rendição ao inimigo,
todos os moinhos de impotência da fé e dos medos.

Pele sempre suave.
Pele sempre altiva.
A senhora do riso castra-me a língua
e empala-me os sonhos.
Todos os meus pensamentos,
pensamentos caóticos em aniversários gélidos,
abandonam minhas lendas.
Abandonam meus deuses
Beleza sua, toques surdos,
e todos os dedos do mundo
transpassam a rotineira gente
com probabilidades irônicas
em constelações inatingíveis.
A vida espreita. A vida prossegue.
E tudo, no final,acaba.
Acaba em números, matemática do riso.
E as ruas correm de canto a canto,
sem intuir seu descontinuado recomeço.
A beleza re-conhece o engano
e a zombaria se apaixona pelo medo cego.

(Adriano Gentil)

Setembros lacrimosos

O desejo absoluto de mim, e o esquecimento tardio de ti
testemunham nossas sobras despejadas
no chão sujo e ainda mal iluminado
pelo sorriso da esfomeada manhã.

Todo ambiente cheira a café, mas nem te conheço agora.

O tempo condensa. Pesa. E cai.
De-canto... meus sentimentos.
E sigo agarrado em blasfêmias marginais
de um convívio esmaecido pelo tempo, pelo amor,
pela poeira que invade meus olhos.
E as confundo com tardes ensolaradas de Setembro.

Mais nada a fazer. Mais nada a chorar.

(Adriano Gentil)

sábado, outubro 03, 2009

Uma verdade incontestável


A realidade não tem a mínima obrigação de ser interessante.